Por Elaine Mello

Para todos aqueles que buscam transcender o apego materialista

Do peito feminino, tão dolorido ao toque de suave massagem, brotava espontâneo choro, quase incontido. O chakra Cardíaco, oprimido e exaurido em depleção, tentava expurgar urgente a obstrução de vida passada. A profunda e dilacerada ferida vem à tona colorindo a aura carregada de densa nuvem vermelha, qual sangramento, de desalento e desespero que contagiava a senhora, escravizada de persistente vitimismo e consistente apego enraizado. A terapeuta é remetida na linha de espaço-tempo à cena sofrida, da longínqua existência passada. Transmutando a ligação acessada, a terapeuta pôde libertar a atual personalidade para a realidade presente prosseguir.
       No presente, relata a assistida, de necessário e urgente acometido fato processado, permitir a saudade daquela viciosa união e paixão vivenciada; entendeu a revolta de que a vida atual deflagrava e do que lhe foi subtraído outrora. Ainda busca nesta vida sintonia e, certamente merecedora, está acompanhada de alguns desses amores que a apoiam e preenchem sua vida. Carece apenas libertar-se e viver em absoluto desprendimento, sabendo que este é apenas um dos capítulos da longa jornada da vida em aprendizado, e que hoje, como personalidade singular, viverá novas e importantes histórias de amor.
       A personalidade passada era focalizada pela terapeuta, alegre à espera da família. Com seu pesado e luxuoso vestido passeia a bela dama, envolvida pela música e festejos à beira do escuro rio. Cavalheiros mascarados imponentes, gondoleiros e seus passageiros se misturavam aos moradores e aos mendigos, colorindo o local, todos envolvidos pela brisa do final da tarde, sinergia de aromas dos mais distintos.
       A proximidade da grande e imponente carruagem, decorada com rebuscados detalhes em ouro e belos brasões, movida por fileiras em par de negros cavalos, encantava a jovem senhora. O consorte fardado de numerosas honras, nobre, de apaixonado olhar, sorridente à janela, apressa-se, eufórico, para o desembarque com as três meninas pequenas. Subitamente, na correria desenfreada, o cocheiro perde o comando dos descontrolados cavalos que escorregam no piso liso, caindo sobre o rio veneziano. Permanece desta associação arrebatadora somente uma das crianças concebidas, um pequeno menino que agarrado às pregas do longo vestido materno presencia perturbado a dramática cena.
       Na sequência da história, nesta existência longínqua, não teve um bom desfecho; o menino sofrido cresce, sem apoio da mãe que, indiferente à vida e a tudo e atacada por letárgico egoísmo, nega e culpa um Deus de amor de seu destino escolhido.


MELLO, Elaine. Vida Holográfica e Seus Portais Interdimensionais, A. p. 119 a 121. Editora BesouroBox.
Share:

Postagens mais visitadas